joão filipe gomes_ooutrodemim@hotmail.com

28 de jan. de 2007

Tremia tudo por dentro, os gestos medidos e cortados pela conveniência do que era esperado. Foi assim, desde que acordei naquele dia, para te voltar a ver.
Ficámos muitas horas, um em frente do outro, a dizer coisas que se perderam logo ali. Lembro-me claramente de como estavas bonita. Lembro-me de o dizer algumas vezes, e tantas outras disse sem falar. Lembro-me dos teus olhos, perdidos num tempo que já não era nosso. Lembro-me da fome que não tinha. Lembro-me de querer fugir e desejar a todo o momento que não tivesses de ir. Lembro-me de querer gritar, do grito surdo que vibrava dentro de mim. Lembro-me de reprimir com quantas forças tive, o desejo de te calar com um beijo. Lembro-me de me afastar com um passo inseguro, um nó apertado na garganta e a certeza de ter arrancado de dentro de mim, um pedaço da minha vida.
Assisti a tudo do lado de fora de mim mesmo, comovido e revoltado com a dureza dos sonhos, que são os meus. Sonhos cruéis que tenho de perseguir, que me perseguem, que se revelam a cada curva do tempo. Porque a culpa não é do sonho... é minha, que não sei viver de outra maneira!
O R perguntou-me se estava preparado para te ver partir, para te ver viver... Disse que sim, e desejei profundamente que o fizesses, naquele preciso momento. Só assim que não terá sido em vão, saberei que a tristeza será minha porque a quero dessa forma, e o futuro que insisto em querer moldar, deixará para trás a memória doce de um abraço sentido, ponto de chegada e de partida. Porque é na vertigem da queda que somos livres para viver em pleno!
Perguntaste-me porque desisti eu de ti. Não! Não desisti. Apenas não soube viver dessa maneira!

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