joão filipe gomes_ooutrodemim@hotmail.com

1 de fev. de 2007

Foram sonhos sonhados de olhos bem abertos, momentos de puro delírio! Cenários, gestos e palavras, sorrisos e até cheiros, sentidos como se fossem reais, aqui, onde a vida chega de mansinho, lenta e pegajosa como a humidade que sufoca em noites intermináveis de vidas sonhadas. Tudo visto e medido, tudo aquilo que sabia ser fatalmente impossível! E, mesmo assim, sonhado até à medula dos ossos, sem masoquismo, apenas o tremendo desejo de sorrir com a vida e com os sentidos despertos.

Sentado, a cadeira desconfortável, a mesa pequena, quadrangular. A vista comovente da cidade que é minha, a música que pede para ser ouvida de olhos fechados. O café bebido, o copo onde o gelo derrete lentamente, o cigarro lânguido na ponta dos dedos. Os passos na escada denunciam-te - tu e as malditas botas de salto - percorro a sala com o olhar, um casal de namorados nos seus segredos, um homem que lê, absorto, a entrada onde apareces com um olhar meio perdido. Conheces o sítio, mas não sabes porque estás ali.

Ali, ver-te caminhar como só tu o fazes, a abrir um sorriso só teu, um olhar de cumplicidade de quem se sabe apanhada num sonho real, de quem sabe que só conta o próximo passo em frente. Paras junto da mesa onde me sentei. Lentamente digo, Que visão fabulosa!, antes de sorrir.

Impossível contar as horas de puro êxtase, saboreando o trago amargo da bebida e a doçura dos teus olhos. Imaginar o toque da tua pele, a curva dos teus seios, o perfume dos teus cabelos... e desejar nunca mais sair dali, daquele espaço, daquela mesa, daquele momento, onde a tua voz se instala para sempre em mim. É o caminho para um destino do qual nos afastamos, só para prolongar a caminhada.

Nada disto aconteceu! Não te vi chegar, não te disse o que pensei, não percebi o que senti. Talvez tenha sido a certeza de que o sonho era apenas isso mesmo, talvez tenha sido o desgosto de já o saber antes! Não conheci as curvas do teu corpo nem senti o teu calor no meu, mas soube, quando o beijo me assaltou, que és tudo aquilo que sonhei!

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