joão filipe gomes_ooutrodemim@hotmail.com

6 de fev. de 2007

Saí de casa, sem destino certo, sem certeza de voltar, para um encontro marcado no momento. A profunda sensação de liberdade, uma liberdade sem chão que me levava para a cidade onde me perco nos lugares que já conheço pelo cheiro. Sem noção das horas, lá estava, de coração aberto, de alma escancarada, sem conter os pensamentos ou as palavras, absorvendo tudo à minha passagem.

Do outro lado da mesa, alguém que brilha, com um olhar cansado, mais maduro, pausado e sonhador. Jantei com P. por entre histórias, experiências partilhadas com as saudades a arder em lume brando. Comemos e bebemos. Bebemos mais. Soubemos ali, que o mundo é maior que nós, que queremos, sem consciência, beber tudo, devagar, pelos cantos perdidos e fervilhantes de vida. Contigo, senti a pequenez do meu ser, soube do alcance da minha vontade!

As horas passaram, tínhamos de ir, soube - sem o saber - que não te voltaria a ver. Mesmo assim, sorria enquanto saímos para o frio da rua. O destino era um barco deprimente, uma cama vazia... quando, do nada, aquele sorriso iluminou a noite! Nada a fazer, um abraço sentido, Adeus, e entrar no carro. Sim, nada a fazer se não seguir a corrente que me arrasta. G. apareceu e levou-me para o mundo do sonho, dos sonhos imaginados e ali feitos em gente.

A noite frenética, estridente, à flor da pele, de novo minha. Era o outro lado do mundo que ali estava, linda como só ela, a transbordar de vida, uma vida contagiante que se cola na pele, que dá sentido às coisas que não percebemos. Era ela, viva e sem disfarce a mostrar-me por que vale a pena sonhar.

A noite, mais uma, intensa, sem destino nem limites... mais uma no caminho da descoberta do Outro...

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